Domingo de Ramos – Simbologia

“E achou Jesus um jumentinho, e assentou-se sobre ele, como está escrito: ’Não temas ó filha de Sião; eis que o teu Rei vem assentado sobre o filho de uma jumenta. Os seus discípulos, porém, não entenderam isto no princípio; mas, quando Jesus foi glorificado, então se lembraram de que isto estava escrito dele, e que isto lhe fizeram”. (Ver João 12: 14-16):

(A seguir, comentário extraído do Livro A Segunda Vinda de Cristo vol. III por Paramahansa Yogananda)

“A entrada triunfal de Cristo em Jerusalém inspira um belo simbolismo quando interpretada espiritualmente como um acontecimento relevante para o ser humano de todas as épocas. A cidade de Jerusalém é a consciência do homem; seus pensamentos e sentimentos são os habitantes. A chegada de Jesus a Jerusalém evoca a abertura dos portais da devoção humana para permitir a entrada da Consciência Cristica – como seu poder onisciente – no reino corporal, diante do regozijo de todos os seus cidadãos: Bendito o Rei que vem em nome do Senhor; paz no céu, e glória nas alturas”

O acontecimento literal, este dia grandioso na vida de Jesus, diz mais uma vez de sua cósmica Consciência Cristica, mediante a qual nada ficava fora do alcance de sua percepção e comando. Com algumas palavras simples, ele ordenou a dois de seus discípulos que se dirigissem a um local específico e distante onde encontraria um jumentinho que ninguém ainda tinha montado, e além disso encarregou seus mensageiros de obter permissão dos donos para levar o animal sem oferecer-lhes nada em troca, exceto a ambígua explicação: ’Por que o Senhor há de mister’.

Em cada exigência de sua vida, Jesus demonstrou que não precisava do poder persuasivo do dinheiro; ele sempre encontrou à disposição todos os meios materiais para a execução de seus planos.

O drama desse dia em Jerusalém, como mais tarde os discípulos vieram entender, girava em torno do cumprimento literal da profecia do Antigo Testamento (Zacarias 9:9-10)

Assim, sua entrada triunfal na cidade de Jerusalém, foi na verdade um acontecimento em que as filhas e filhos de Sião de fato ”alegraram-se muito” e ”exultaram” ao contemplar e saudar seu rei, aclamando-o com esse título, enquanto ia ”montado (…) sobre um jumentinho, filho de jumenta”, como Zacarias havia profetizado muito tempo antes.

O fato de Cristo escolher o humilde asno para sua montaria é tão simbólico do seu modo de vida como o fato de ter nascido em um estábulo. Zacarias havia falado realmente de um Messias que exterminaria ”os carros, (…) os cavalos (…) e o arde guerra (…), e ele anunciará paz às nações”.

O Príncipe da Paz, cujo único grito de guerra poderia ser: Vitória aos Mansos!, não cavalgou um impetuoso cavalo de batalha em meio a um exército armado até os dentes, mas montou um manso jumento, pequeno e útil para os pacíficos caminhos cotidianos. Seus ’guerreiros’, em nada robustos e ostentosos, eram apenas um grupo despretensioso de discípulos abnegados. Na verdade, esse rei, diante do qual as multidões estendiam ramos de palma, demonstrou uma vez mais que um filho de Deus celebra sua soberania na mansidão e na humildade.

A paz deriva sua força e apoio da ordem universal da criação de Deus.

Os homens de realização divina, tais como jesus e João Batista, sabem que somente Deus quem sustenta e estrutura do universo e que ele pode emitir seu fulgor em cada partícula de pó e em cada molécula.

A referência que Jesus faz às pedras também pode ser interpretada de outra maneira. Se o cosmos é contra o uso da força, se o Sol não faz guerra com os planetas, mas se retira em tempo oportuno para permitir às estrelas seu breve domínio, que serventia há em nosso punho armado. Virá dele alguma paz? Portanto, ao rejeitar o pedido dos fariseus, (Lucas 3:7-8), Jesus sugere que a justiça divina não é uma abstração figurativa e que o home de paz, mesmo que a língua lhe seja arrancada, ainda encontrará voz e defesa nas pedras fundamentais da criação, a própria ordem universal.

Jesus disse aos fariseus: ”Como julgais possível silenciar os homens de paz? Então esperais sufocar a voz de Deus, cuja glória e onipresença até as pedras cantam. Pretendeis exigir que os homens não celebrem a paz, mas somente a guerra? Então, preparai-vos para submeter os alicerces do mundo; pois os homens de paz, assim como as pedras, a terra, a água, o fogo e o ar se levantarão contra vós para dar testemunho da harmonia determinada por Deus para sua criação.

Cristo nessa ocasião proclamou ’paz as nações’, declarando que não é a crueldade, mas sim a boa vontade, o que confere vigor ao poder universal. Aquele que é ’justo e traz a salvação (…) humilde e vem montado sobre um jumento’, conhecerá os infindáveis frutos da vitória, mais doces ao paladar do que qualquer outro fruto que cresça no solo de sangue.

Jesus expressou sua dor e compaixão não de modo egotista, mas como uma glorificação impessoal da presença de Deus que nele se manifestava”.