Quem define a sua escolha na hora da seleção do seu cargo?

Coisas importantes a serem consideradas num processo seletivo, em que uma das etapas podem ser as tais “dinâmicas de grupo” ou psicotécnico.

É possível que alguém pergunte: “como eu devo me preparar para essa etapa”?

Sinceramente, quanto menos o candidato se prepara para uma dinâmica, melhor.

Me sinto bem a vontade para falar disso, pois atuei longo tempo na área de RH de uma instituição financeira, facilitando dinâmicas e jogos para facilitar os processos.

Eu me considerava um expert no assunto. Achava que conhecia e dominava o esquema. E foi com essa mentalidade que me candidatei a uma vaga de consultor interno, para atuar em todo a rede daquela empresa. Haviam 30 vagas e muitos candidatos, porém, dificilmente teriam entre os 10 primeiros, alguém tão preparado quanto eu!  (Assim eu pensava…)

A área onde eu estava lotado foi quem coordenou o processo, portanto, mais um ponto para mim, certo? Errado! O consultor externo que foi contratado pela instituição para realizar a seleção e aplicar a dinâmica, coincidentemente era meu professor e mentor na minha formação de dinâmica de grupos. Mais fácil ainda, certo?!! Ledo engano… todos esses pontos de vantagem se voltaram contra mim mesmo durante a dinâmica. Eu subestimei a concorrência e superestimei minha posição.

Minha postura durante a seleção era de alguém que se achava o mestre do assunto, cuidando e analisando mais os outros, do que conectado realmente comigo e com o foco do que eu desejava. Desconectado, eu desejava que os outros abrissem oportunidades para mim, ou seja, intimamente eu pensava que a responsabilidade de eu assumir uma posição melhor estava nas mãos do meu chefe, diretor, enfim na empresa.

Lembro que a dinâmica iniciou com o professor abrindo uma embalagem de remédio. Tirou a bula e falou dos itens importantes daquele remédio: indicação, contraindicação, posologia. etc. Lançou o desafio para o grupo se apresentar como se cada um fosse o remédio. Então, individualmente, cada candidato foi indo à frente do grupo e se apresentava dizendo que remédio era, qual a sua indicação, quais as contraindicações, como deveria ser usado etc. Chegou a minha vez! Minha única lembrança: parecia um boneco sem sentimento.

Aliás, numa das questões colocadas para debatermos, questionava-se o “por que” eu merecia a tal função? Não lembro bem qual foi meu argumento, mas sei que expressei que, ‘eu era um cara que atuava em toda a rede, por alguns anos, tinha pós nisso, naquilo, conhecia muito sobre RH e pessoas, e que a empresa não me dava oportunidades.

Tamanha arrogância e soberba… aí começou o meu declínio. O cara que se considerava o melhor, entre pelo menos os 5 primeiros, ficou em 28 lugar…

Um detalhe, convenci uma colega que atuava comigo nos grupos de desenvolvimento, a participar da seleção. Ela não queria, mas insisti tanto que acabou concordando em participar e seguiu tranquila e despreocupada com o resultado… para minha surpresa, ficou em oitavo lugar.

O feedback que meu professor e condutor da dinâmica me deu, foi avassalador! Fiquei três dias ‘tonto’, em estado febril, sem saber o número da ‘placa do caminhão’ que passou por cima de mim. Meu orgulho se espatifou no chão e o meu ego teve que se dobrar.

O aprendizado que levo comigo em todas a situações, é de que as portas que me levam para o sucesso e a realização são vastas e bem largas, fácil de passar, porém, são bem baixas, perto do chão. Para passa-las é preciso ter humildade.

Pois bem, dito isso, chegamos a conclusão: vá para o teste ou para a dinâmica sendo você mesmo:

  • Seja e aja naturalmente, sem querer ser quem você não é. Mantenha a calma e seja o mais verdadeiro possível ao realizar os testes ou responder as perguntas, bem como ao se posicionar no grupo.
  • É bem provável que a avaliação das competências humanas e sociais sejam avaliadas durante todo o processo. (Desde as provas de conhecimento técnico / operacional, simulações etc).
  • Humildade não é postura de corpo nem tom de voz. É acima de tudo, sentir-se digno, conhecer e saber o que tem a oferecer.
  • Para manter sua segurança e autoconfiança durante a prova, conheça e domine as questões técnicas e operacionais que envolvem o cargo que você almeja. Isso ajudará você se manter calmo, tranquilo e focado.
  • Durma bem na noite anterior – nada pior do que ir para uma dinâmica com seu estado mental alterado, por uma noite mal dormida. (Melhor adiar a participação na dinâmica).

Finalmente, durante sua rotina de hoje até o dia das provas, faça o exercício da auto-observação e visualização: pense e imagine-se sendo, fazendo e se comportando conforme o profissional que você deseja se tornar no futuro.

Você vai assumir um cargo de direção. Saiba dirigir primeiramente sua própria vida, aprenda com suas vitórias e fracassos. O verdadeiro líder é aquele que primeiramente liderou a sua própria existência. Desenvolva um espírito amistoso e cordial através de uma comunicação assertiva. Para liderar é necessário querer estar com pessoas. Elas precisam ‘sentir’ que você sabe a ‘direção’ e que precisa delas para construir o caminho para chegar lá…

No passado quase deixei passar uma grande oportunidade porque, ao invés de me concentrar no que eu desejava e naquilo que me movia internamente (pessoal e profissionalmente), coloquei atenção no que os outros pensavam ou esperavam de mim. Me ‘achei’ como alguém que sabia mais do que muitos e por isso merecia reconhecimento e oportunidades. Hoje sei que os melhores aliados que posso ter são: meus reais interesses, meus valores, minhas crenças e meus sonhos. Fora isso, qualquer vento contrário ou estimulo externo (positivo ou negativo), podem me conduzir a um lugar que eu não gostaria de estar.

Hoje estou no lugar onde eu mesmo me coloquei. Essa é a minha liberdade!