Integração: Harmonia ou Monotonia!

(Filósofo e Teólogo Huberto Rodhen)

“Harmonia não é caos – mas também não é monotonia. Harmonia supõe diversidade de gênios e gostos.

Essa diversidade tem de continuar a existir. Ninguém precisa deixar de ser o que é. Extinguir o modo individual e característico de pensar e sentir dele ou dela seria o mesmo que decretar a mais insípida monotonia, criar um clichê ou um chavão, que ninguém suportaria por muito tempo.

Entretanto, manter essa diversidade não quer dizer viver em conflitos e discórdias. Não aceitar as opiniões da outra parte, discordar sempre, contradizer em tudo, criar melindres, rejeitar qualquer sugestão seria reduzir a sociedade grupal a um caos infernal.

Todo segredo da harmonia – equidistante da monotonia e do caos – está na integração, em saber adaptar o seu próprio caráter e gênio ao caráter e gênio do outro, fazer de si o complemento do outro. Integrar não quer dizer identificar, como não quer dizer destruir; é completar.

Há no organismo humano enorme variedade de células , servindo cada grupo a uma função peculiar. Atuando de forma interdependente sem guerrear um com o outro, pois se houvesse isso, seria o fim da vida orgânica. O segredo não está na identificação dos elementos, nem na sua destruição ou conflito, mas sim na sua completa integração de cada grupo com o Todo e na convivência colaborativa dos diversos sistemas, onde resulta esse maravilhoso equilíbrio rítmico que é a vida e o bem estar do organismo.

Toda natureza se baseia no princípio da bipolaridade complementar: nada é igual e nada é contrário – tudo é complementar. O pólo positivo da energia não é contrário ao negativo, mas lhe é complementar. Se um fosse contrário, os pólos se destruiriam reciprocamente, e não teríamos luz, calor e força, que são complementariedade dos pólos. 

Unidade na variedade, e variedade com unidade –  é essa característica da natureza, é esse o segredo da harmonia, beleza e felicidade.

Quanto aos aspectos negativos de cada um, os defeitos e deficiências, convém recordar aquilo que o grande Mestre disse do ‘cisco no olho do próximo e a trave no próprio olho’. O egoísmo é duro, inflexível, quebradiço com vidro. O altruísmo, o amor, é resistente, mas flexível e adaptável como mola.

Fica a reflexão e um exercício, que não falha: Atribui a teu próximo as virtudes que descobres em ti – e atribui a ti as faltas que descobres no próximo

(pode ser que essa técnica falhe de vez em quando; mas pelo menos 90% dos casos, dá certo).”