“A marca das empresas excelentes, não é a ausência de dificuldades. É a habilidade de retornar dos infortúnios, mesmo das piores catástrofes, mais forte do que antes.
Grandes nações empresas, instituições e indivíduos, podem declinar e se recuperar. Desde que você não acabe totalmente nocauteado para fora do ringue, ainda há esperança.
Nunca entregue os pontos. Seja firme em matar ideias de negócios que fracassaram, até mesmo grandes operações em que trabalhou por longo tempo, mas nunca desista de construir uma empresa excelente.
Sucesso nada mais é do que fracassar, e se levantar mais uma vez, infinitamente.” (Jim Collins)
Quais as causas mais comuns para o declínio? É possível reconhecê-las com antecedência? Como e até quando é possível revertê-las?
Jim Collins, estudioso nos temas como gestão e liderança, apresenta em seu livro ‘Como as Gigantes Caem’ (How the Mighty Fall), um estudo de como aquelas empresas taxadas como imbatíveis e poderosas começaram seu processo de decadência… os sinais externos da queda aparecerem muito antes que fossem possíveis detectá-los visivelmente.
A extensa pesquisa feita por Jim Collins e sua equipe, tendo como base décadas de dados nas empresas famosas tais como, IBM, HP, Merk, Nuvor, revela que a queda de empresas passa por um processo de declínio de cinco estágios e que se forem detectados antecipadamente podem reverter a bancarrota.
A seguir deixo breve síntese dos cinco estágios, que afirmo, servem para qualquer empresa e se encaixam perfeitamente para cada indivíduo no seu processo de realização pessoal e profissional, confira:
Estágio 1 – Excesso de Confiança devido ao Sucesso –
Segundo Collins, a queda começa quando a empresa começa a se achar imbatível. A vanglória do CEO gera uma cegueira que não permite atentar para os reais fatores que a levaram ao êxito. Essa confiança pode se traduzir em ‘soberba e arrogância’ em se achar the best of, bom D+, e que agora encontrou a galinha dos ovos de ouro, não necessitando mais aprender e com esse orgulho pensa que não necessita mais de ajuda, despreza os concorrentes e os fatores que a conduziram ao sucesso. Como ele mesmo afirma, que isso é um grande perigo pois ‘um líder equivocado pode levar uma empresa às ruínas praticamente sozinho’.
Ex. A Motorola (época da pesquisa), líder mundial de celulares continuou apostando no êxito da tecnologia do seu celular StarTac frente a novas tecnologias digitais.
Estágio 2 – Querer mais de forma indisciplinada –
A ganância pode fazer cegar… a empresa pode nesse estágio querer abraçar o mundo e investir em segmentos que não é de sua competência. Um CEO cego, conduz um negócio aparentemente sólido a um lamaçal. O indivíduo arrogante quer crescer mais e mais e tem certeza que seu potencial pode fazer qualquer negócio prosperar.
Esse crescimento desordenado aponta para um dos principais erros, segundo o autor, que é a empresa deixar de potencializar as pessoas certas nas posições-chave da organização. A organização perde o seu foco principal e sua obsessão pelo crescimento faz ela gastar suas forças em lugares que não são de sua competência.
O exemplo que o autor revela é o da empresa Ames Varejista que para competir com a Wal-Mart decidiu que dobraria de tamanho em apenas 12 meses. Então fez uma aquisição gigantesca que quatro anos a levou a concordata.
Investir descontinuamente em negócios que não há identificação, agir desconectada dos seus princípios, negligenciar seus propósitos e valores, não considerar os seus recursos financeiros usar a organização para se projetar pessoalmente buscando poder e fama, podem indicar um crescimento indisciplinado.
Estágio 3 – Negação de Risco e Perigos –
Quase que uma consequência dos estágios anteriores, o CEO entra numas de ousar sem analisar os riscos de sua audácia. A arrogância individual e grupal leva a uma certeza cega de que não pode falhar, fazendo com que se assumam mega projetos tornando-a cega e surda aos sinais internos e externos de que algo pode não dar tão certo assim.
Collins afirma que um comportamento comum nesse estágio é quando esse investimento milionário não vinga e os lideres começam apontar os culpados (mercado, governo, concorrência, falta de sorte / azar etc), e terceirizam assim, sua falta de competência.
Esse estágio é muito significativo, minha sugestão é de que você se aprofunde no livro e descubra mais o que está nas entre linhas desse capítulo.
Estágio 4 – O Desespero pela Salvação –
Aqui o sintoma da decadência se torna visível. A “água bateu no nariz, e além…”. O excesso de fatores negativos e desmotivadores pesam e a empresa começa cair. Como evitar isso? Qual a saída? Segundo o autor, a busca pela salvação é o que ele chama de bala de prata. Buscar um líder visionário, um CEO que tenha o pulo do gato. Ou talvez, uma estratégia ousada, totalmente nova, mudança extrema, uma revolução na cultura, novos produtos para alcançar sucesso em vendas, enfim, uma solução que represente a salvação!
Mas os número já revelam a realidade: queda nos valores das ações, escassez de recursos… e o pânico se instala gerando evasão dos melhores talentos.
Como a liderança irá responder a essas situações? A busca é pela fórmula mágica para sair da crise…
Para Collins, a busca da solução é interna e não externa. Um líder CEO que conheça a realidade e os valores da empresa, inspirado pela cautela, clareza e foco e que seja rigoroso com o que não fazer.
Exemplo, que ele nos mostra é da HP que em 1998, contratou a americana Carly Fiorina, eleita pela revista Fortune como a mulher mais poderosa do mundo, como CEO. Externa a empresa, porém carismática, Carly tomou decisões arriscadas, como a compra da concorrente Compaq, em 2002. A Fusão não mostrou resultado e ela foi demitida 3 anos depois.
Estágio 5 – Entrega ou Morte
Os recursos acabaram e os melhores talentos se foram em busca de novas oportunidades. A permanência no estágio 4, na busca de fórmulas mágicas, é garantia de passar para o quinto estágio.
O que resta então: se tornar insignificante e ceder a uma proposta de aquisição ou nos casos extremos fechar as portas… o empreendimento morre.
Exemplo disso é a Scott Paper comprada pela Kimberly-Clark.
Por outro lado empresas que tiveram uma queda drástica, tais como a Xerox, HP, IBM, Merk, Disney e Boing, se recuperaram. Em cada caso, os líderes não desistiram da ideia de sair da sobrevivência e alcançar o triunfo, apesar das dificuldades.
O autor conclui o afirmando que as organizações não caem por forças que estão longe do seu próprio controle, como se costuma atribuir.
Para aquelas empresas que estiverem percorrendo os estágios 1, 2 e 3, quanto mais cedo conseguirem identificar os sintomas, mais fácil conseguirão transformar a situação favoravelmente.
Para aquelas que estiverem no estágio 4, a única saída para reverte o caos é dispor de recursos em caixa e dar um passo de cada vez.
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Empresas Feitas para Vencer.
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Vencedoras por Opção – Por que algumas empresas prosperam.
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