Um pensamento muitas vezes pensado e experimentado com certo conteúdo emocional, se torna uma crença!
Um dos primeiros master coach que eu tive, explicava de uma forma simples um dos principais conceitos do trabalho de Coaching, às Crenças Limitantes. Isso tem relação com nossa escala de níveis neurológicos: crenças e valores são os elementos que liberam nossa energia ou a bloqueiam completamente; são nossos mais potentes repressores ou motivadores.
Vemos e descrevemos o mundo que nos cerca, de acordo com a visão que temos internamente sobre realidade. Nossa visão de mundo é fruto das informações (formações internas), que fomos tendo desde nossa tenra idade: na família, escola, igreja, comunidade, etc. Essa formatação são nossos paradigmas, padrões ou lentes que regulam nossa maneira de perceber o mundo. Colocados nessa forma, passamos a responder as expectativas desses padrões. Passamos a ter necessidade estarmos adaptados a esse sistema todo, até que a por fim, um dia desses, essa forma fica apertada demais ou tão difusa que não nos cabe mais atender… ou adoecemos ou mudamos a forma! Portanto, não vemos o mundo como ele é, e sim, como nós somos!
Segundo a visão da neurociência, não percebemos o mundo que nos cerca diretamente; tudo aquilo que chega até a janela de nossos sentidos (visão, audição, tato, paladar, olfato) passa por um processo de filtragem onde é interpretado. O processo de interpretação depende essencialmente de nossas crenças e valores; em outras palavras, vemos o mundo a partir das coisas que acreditamos.
É simples entender isto: por exemplo, alguém vê uma forma comprida meio enrolada numa rua sombria; ele imagina que se trata de uma cobra; ele sente medo por ter necessidade de segurança, fica apavorado e fuge.
Como surgem as Crenças Limitantes
Uma crença limitante ocorre normalmente a partir de uma generalização de alguma experiência dolorosa; uma criança, por exemplo, resolve correr para brincar; enquanto está correndo tropeça em algo que estava no chão e cai. Essa experiência é interpretada pela mente: uma criança pode ser ensinada a analisar cada situação de sua vida como uma experiência única, e ela pode entender que caiu naquela ocasião porque não viu um objeto que estava no chão; daí ela pode extrair uma regra generalizante: preste atenção no trajeto quando estiver correndo. Ou então, o que é mais comum, ela pode partir diretamente para uma interpretação generalizante: eu corri e me machuquei; correr é perigoso, não é bom correr.
Traumas são bons exemplos de crenças limitantes graves, que produzem sérias limitações na vida da pessoa; fobias como medo de nadar, de falar em público, de subir num elevador, de voar num avião, etc.
Nossos pais, embora normalmente bem-intencionados, também desempenham um papel importante no processo de construção de crenças limitantes; primeiro de tudo porque eles nos ensinam suas próprias crenças limitantes; em segundo lugar, porque muitas vezes utilizam o medo como recurso didático.
Há uma anedota muito comum no humor judaico que ilustra como isso acontece: o pai incentiva o filho pequeno a subir um degrau da escada e pular; “pode pular, papai te segura”. O garoto pula e é segurado pelo pai. O pai então o convence a subir mais um degrau e pular novamente, com o mesmo argumento. O garoto adquire confiança com a brincadeira e resolve pular de uma altura de vários degraus. O pai então se afasta e ele se esborracha no chão. “Que isso lhe sirva de lição!”, diz o pai ao garoto machucado; “nunca confie em outras pessoas!”
É assim que vamos internalizar frases do tipo:
- “isso é demais para você, procure algo que esteja ao seu alcance”
- “Quem nasceu para tostão, nunca vai chegar à milhão”
- “Você não vai conseguir”
- “Você acha que o dinheiro cresce em árvores ou cai do céu?”.
- “Sem sofrimento não se consegue nada”.
O indivíduo vai assimilar tudo isso e reproduzir como se fossem verdades absolutas:
- Eu não consigo me organizar;
- Eu nunca vou conseguir atingir meus objetivos;
- Eu não consigo concretizar meus propósitos;
- Eu não tenho direito a ter esta conquista;
- Eu não sei como posso resolver este problema;
- Eu não tenho capacidade de aprender isto;
- Eu não consigo, eu não posso, eu não sei;
- Eu passei da idade;
- Eu não tenho idade;
- Isso é muito difícil;
- Isso é impossível;
- Só mais tarde…;
- É cedo ainda….
- Isso é só pra quem tem ou pode…
- Tem gente pior…
Como é possível quebrar esse tipo de padrão de comportamento? As pessoas gostam de dizer que isso é muito difícil; na verdade é um processo que exige tempo e perseverança. A grande dificuldade normalmente reside em se dar conta da situação: a pessoa internaliza suas “verdades” de tal maneira, que não consegue perceber que está se auto sabotando; sem essa percepção nenhum progresso é possível.
Reflita sobre isto e questione sua forma de pensar e ver as situações, bem como suas crenças;
- Quais as evidências de que isto é verdade?
- Essa forma de pensar pode ser uma maneira de se proteger?
- Essa forma de pensar pode estar representando uma maneira de você se manter na zona de conforto?
- De que modo esse pensamento contribui para que você encontre uma solução?
- O que você ganha pensando assim? E o que perde?
- Como esse novo entendimento muda seu modo de ver a situação?
Faça boas reflexões e pratique diariamente a auto-observação, para perceber quais as crenças que o impulsionam na direção dos seus propósitos e quais as que estão sabotando suas decisões e escolhas!