
Hábitos, pensamentos, sentimentos e comportamentos repetitivos fazem parte da nossa rotina e podem influenciar profundamente a nossa vida. Eles podem ser positivos, ajudando na disciplina e no desenvolvimento pessoal, ou negativos, criando ciclos repetitivos, difíceis de romper.
Songyal Rinpoche, no Livro Tibetano do Viver e do Morrer, escreve que percebendo que caímos com frequência em arraigados padrões repetitivos de comportamentos, começamos a ansiar por nos livrarmos deles. Podemos é claro, recair neles muitas e muitas vezes, mas lentamente podemos emergir até a mudança acontecer.
Songyal, nos deixar o seguinte Poema tibetano em Cinco Capítulos para ilustrar esse processo de repetição e observação.
1) Ando pela rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Eu caio, no buraco.
Estou perdido… sem esperança.
Não é culpa minha.
Leva uma eternidade para encontrar a saída. (para sair do buraco)
2) Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada (vejo o buraco)
Mas finjo não vê-lo.
Caio nele de novo.
Não posso acreditar que estou no mesmo lugar.
Mas não é culpa minha. (não tive esse intenção)
Ainda assim leva um tempão para sair.
3) Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Vejo que ele ali está
Ainda assim caio… é um hábito. (antigos hábitos e comportamentos)
Meus olhos se abrem.
Sei onde estou.
É minha culpa. (minha responsabilidade)
Saio imediatamente.
4) Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada. (vejo o buraco)
Dou a volta. (contorno o mesmo buraco).
5) Ando por outra rua...
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A autorreflexão e a autoanálise são passos essenciais para identificar e modificar hábitos e comportamentos nocivos, ou seja, aprendermos como evitar o “buraco no nosso caminho” e como “andar por outra rua”.
O primeiro passo para a mudança é tomar consciência do que está acontecendo e entender os gatilhos que levam a esses padrões repetitivos.
Aqui estão algumas formas práticas de iniciar esse processo:
- Auto observação – Prestar atenção nos próprios pensamentos, emoções e reações diárias. Pergunte-se: “Por que reagi assim?” ou “O que me levou a tomar essa decisão?”.
- Registro e Anotação – Manter um diário de emoções e hábitos pode ajudar a identificar padrões que passam despercebidos.
- Auto percepção sem Julgamento – Evite a autocrítica severa. Em vez de se culpar, tente olhar para seus comportamentos com curiosidade e compaixão.
- Identificação de Gatilhos – Descubra o que desencadeia certos hábitos ou comportamentos nocivos (situações, pessoas, sentimentos).
- Perguntas Poderosas – Pergunte-se: “Esse hábito me aproxima ou me afasta da pessoa que quero ser?” ou “O que posso fazer de diferente na próxima vez?”.
- Pequenas Mudanças Progressivas – A mudança acontece aos poucos. Pequenos ajustes no dia a dia são mais sustentáveis do que tentativas radicais.
- Práticas como Mindfulness e Meditação – Ajudam a aumentar a consciência sobre o presente e a evitar reações automáticas.
A chave é entender que a mudança não acontece do dia para a noite, mas cada pequeno passo consciente já é um avanço.
Tem algum hábito ou comportamento específico que você gostaria de trabalhar?
Faça um teste agora para identificar em que rua você está transitando.
Se estiver tendo algum desses sentimentos, comportamentos ou hábitos, pode estar no buraco ou caindo nele:
- Falta de foco;
- Tentativa de agradar o outro, em detrimento da atenção às próprias necessidades;
- Dispersividade e inquietação;
- Sensações de solidão e baixa vitalidade;
- Perda de equilíbrio, resultante de feridas emocionais e depressão;
- Melancolia e desapontamentos que podem resultar em isolamento e solidão;
- Precipitação e intolerância pela pressa em avançar;
- Atitudes que desconsideram o ciclo das mudanças;
- Resistência em abandonar objetivos esvaziados;
- Dúvidas e instabilidade emocional;
- Excesso de valorização das opiniões alheias;
- Falta de autoconfiança e medos desconhecidos;
- Excesso de sensibilidade ao meio externo;
- Tensão física causada pela sensação de limitação e sobrecarga;
- Medos associados à necessidade de segurança que podem gerar limitação e restrição;
- Fadiga e sensações de peso causadas pela falta de leveza na condução das responsabilidades
- Agir com autoritarismo
- Excesso de atividade que impede a visão clara das situações
- Fortes preconceitos e desconfiança.
Agora que descobriu o que momentaneamente pode está te levando a cair no mesmo buraco, tome uma atitude para sair desse lugar ou mudar de rua enfim… se não conseguir sair sozinho, busque ajuda!
Se não caiu no buraco, ajude alguém a sair…
Bons estudos e reflexões!
Excelente reflexão Mr. Salvon