C C C
Em 2020, em plena pandemia, entrei num caos: foi um período de grandes questionamentos, muita introspecção e autorreflexão. Temas pessoais, profissionais, situações existenciais e contextuais. Eu realmente necessitava de um apoio. Decidi buscar ajuda profissional para operar uma reforma no meu modo de estar no mundo, sobretudo profissional.
Encontrei uma Mentoria multidisciplinar, na qual permaneci durante um ano. Um dos conceitos que aprendi e que muito me ajudou a lidar com as questões e situações que estava vivenciando, quero deixar aqui. Trata-se dos 3 Cs, que significam: CURVA, CAOS e CURA.
Se estou no caos, é porque passei por uma curva. Transcendendo o caos, vem a cura…
A curva é o caminho do aprendizado, pode ser um local estreito e desconhecido. Um inesperado desvio pode se manifestar em nossos caminhos e nos colocar numa situação caótica, por um breve ou longo tempo.
O caos pode ser um convite para sair da zona de conforto desse lugar aparentemente “conhecido”, que não permite novidade alguma.
Permanecer no caos é também querer ficar no controle das situações conhecidas, ou seja: mesmo gerando sofrimento, me é familiar… já vivi isso… daqui a pouco passa…. Porém, nada muda, nada se aprende. Muitos preferem permanecer no caos evitando olhar as situações ou até mesmo criando mais conflitos para se sentirem no controle das situações. Dessa forma, injetam adrenalina no seu sistema, tendo uma sensação de força e poder…, mas com o tempo isso se torna insano.
Por vezes o caos parece como que se estivéssemos diante de um fogo ardente. Quando não paramos para refletir e vamos resistindo, forçando a barra, “colocando lenha na fogueira”, mais perto do fogo ficamos e vamos nos queimando ainda mais. É momento de parar para não aumentar ainda mais o caos, piorando a situação. Se pararmos por um instante, poderemos ouvir como que “a voz de Deus” em nossa consciência, dizendo: Stop… Respire, reflita, apazigue suas emoções antes de prosseguir.
Pode ser a oportunidade de mudar o percurso do caminho, o curso da história. Se algo não está dando certo, é necessário rever o método que está sendo usado, ou a forma de comunicação para lidar com as situações, os pares, com suas metas ou negócios.
Por isso, quando o caos aumenta, pare e reflita: algo não está dando certo com essa forma de pensar, sentir, agir ou se comportar, que fez você não perceber a curva no seu caminho. É hora de atualizar as informações do seu hd central e ajustar o seu GPS.
O que essa situação, problema, perda, dor está me ensinando? Se fizermos os devidos aprendizados, não cairemos na mesma curva no futuro. Caso contrário, possivelmente viveremos novamente um caos semelhante, até aprendermos a contornar os desvios do nosso dia-a-dia.
Passar por um caos também é uma ótima oportunidade para mudarmos nosso paradigma, essas lentes pelas quais observamos o mundo e criamos nossas realidades. Mudar a forma de ver (de nos enxergarmos), é permitir que a cura aconteça.
Curar primeiramente o relacionamento comigo mesmo: como me trato, o que penso de mim? Acredito em mim? Acredito e sei qual é o meu propósito nesse mundo? Acredito que estou aqui por uma razão maior do que atender os compromissos das agendas dos outros? Acredito no poder que tenho para mudar a situação que me encontro? Acredito que tenho algo a realizar nesse mundo que pode contribuir, impactar e mudar vidas, começando pela minha?
O caos pode ser uma ponte para a nossa cura e nossa libertação. Libertação, dentre outras coisas do automatismo, da lógica do racionalismo e da aridez da alma. É necessário permitir que a razão do nosso coração seja a bússola do nosso caminho, ressuscitando o amor num coração petrificado pelas duras quedas, frustrações e perrengues da existência. É também reintroduzir a alma nos negócios e nas relações e ter clareza dos valores que dão fundamento para nossas vidas.
Há pouco tempo, convivendo com alguém que teve a graça de chegar na fase centenária de sua existência, refletíamos sobre as buscas de uma vida inteira. Então ele exclamou, como que fazendo uma síntese de toda a sua existência: “Hoje constato que tudo o que eu estava buscando, através de todas as oportunidades e situações que vivi, era simplesmente para realizar o desejo inconsciente de me unir a Deus… No fundo eu sempre estava buscando estar na presença de Deus. Hoje eu sei que essa unidade, é a alegria que sempre quis sentir. “
Portanto, ressignifiquemos essa situação “caótica” como possibilidade do início de uma nova ordem, (caórdica), que vai além dos fatores lineares que a criaram. Buscar novos referenciais que vão além da dimensão horizontal (ambientes, redes sociais, eventos externos, que por vezes, ampliam mais o caos), para um olhar mais interno e vertical. Como dizia Einstein: “o paradigma que fez a realidade que vivemos, não é o mesmo que irá transformá-la”.
Finalmente, podemos constatar que depois de passarmos por uma curva de desafios, (de um evento temeroso, de uma notícia duvidosa), nossos joelhos tremem, as pernas ficam ”bambas”. É necessário, nesse momento, termos joelhos flexíveis, caso contrário, essa notícia ou evento inusitado, pode nos esmagar. Algumas vezes em nossas vidas, parece que o gesto mais justo é o de colocar a cabeça entre os joelhos, dobrar-se a grande Vida e pedir uma bênção: que o Céu desça à terra. É incluir o Amor de Deus na nossa dor. É voltar a ser o filho e a filha amados por Deus e orar com a inocência de uma criança, pedindo orientação e uma nova direção para transcender a escuridão e agir a partir do amor e da paz.
Amar é uma liberdade e também uma decisão! Através das curvas das estradas que os santos passaram ou que vamos desbravando em nosso cotidiano, vemos a cada passo, em cada fase, estação, ano, ciclo etc., a oportunidade de nos descobrir, nos libertando dos excessos daquilo que nos ofusca, permitindo assim que brilhe a nossa luz.
Enfim, curva, caos e cura, tudo acontece por uma razão: Deus é a grande razão!
Boa reflexão e aprendizado!
Bem isso amigo. O ferro para ser moldado precisa enfrentar o calor do fogo. Bela reflexão.
Que presente esse texto, essa reflexão sobre que comportamentos estou adotando diante das curvas do caminho, do caos que enfrento em função dessas mudanças de rumo, e da cura que pode acontecer se eu permitir, se eu me olhar e realizar as pequenas mudanças de atitude e de aceitação dos planos Superiores, que não são os meus. Trabalho de conscientização e amor próprio. Gratidão Sal!!!